quarta-feira, 4 de abril de 2012

Me sinto em casa em qualquer lugar, mas sou turista em todos

Viajo como se fosse turismo, viajo-me.

O tempo passa despercebido pelo viajante aborrecido.

O tempo não passa; o tempo não voa, o som ecoa pelas janelas fechadas.

Um dia de viagem me parece pouco, mas sei que perco muito tempo.

Meus olhos agora percorrem as feições cansadas e às vezes aborrecidas de meus companheiros de viagem, na bagagem levamos apenas pensamentos, alguns de nós nem isso.

Os tempos estão difíceis.

O tempo já não nos espera mais e, temo que não nos espere nunca mais.

Voar requer esforço, requer pés nos chão e mente livre.

O tempo nos traz a saudade, o tempo nos traz segurança, nos traz confiança.

O tempo passa e leva muita gente consigo.

Nunca me disseram que seria fácil, pelo contrário, mas me enganaram dizendo que desde sempre seria divertido, não foi, foi dolorido. Doeu demais não ter tudo pronto, não ter pessoas, não conhecer os rostos, não conhecer nada, doeu e muito para nascer de novo, doeu para crescer de novo, a diferença é que desta vez não há joelho ralado ou BAND AID de bichinhos, não há colo nem mertiolate que cure as feridas da saudade, não há iodo que arda tanto quanto o aperto no perto.

Ir para casa é sempre um aconchego.

Disseram-me uma vez que a casa de nossos pais é o melhor lugar do mundo (para visitarmos).

Aprendi e ainda estou aprendendo, quero crescer milhões, quero crescer milhares, quero ser dez ou vinte vezes mais do que pretendo ser.

O mundo vai girar, muita gente vai e volta e, se não for pedir muito, queria que ‘você’ ficasse. Permaneça comigo e veja o tempo passar, acompanhe o tempo, o vento, o desacato. Acompanhe o sorriso, o mistério, a chuva, o pássaro, acompanhe seus pés, observe meus passos, me olhe de cima à baixo, faça-me feliz com o tempo.