quinta-feira, 2 de junho de 2016

Marca


Passo,
Cicatriz,
Compasso,
Desfaço aquilo que te faz feliz.

Marca a terra,
o teto, o leito
Marca o peito,
o chão de giz.

Marca o pingo,
o trinco, o gringo.
Desce a gota, a moça
Sente a voz e cala.
Repara, esconde a vossa roupa.
Anota o nome do som,
do bom, do tom.
Chama o menino pra dançar.
Marca a infância,
a criança, a trança
as vestes, a venda,
a fenda que se fez
quando a menina pulou o muro,
sentou na calçada,
chorou no escuro,
fora abusada.

Escuta o choro,
aperta os dedos,
ajoelha,
reza, mas não diz nada.

Ouve o grito,
transforma em mito,
em estatística calada.

Não cabe mais na minha alçada,
menina mimada que não se porta,
ninguém se importa,
se foi jogada, mordida, batida,
se foi abuso, coitada.
Saia amarrada, vestido curto
uma nova fenda que se fez.
Mais uma vez na calçada,
descreditada, sem importância,
não mais criança, fora estuprada.

Chorou calada a marca registrada.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Me sinto em casa em qualquer lugar, mas sou turista em todos

Viajo como se fosse turismo, viajo-me.

O tempo passa despercebido pelo viajante aborrecido.

O tempo não passa; o tempo não voa, o som ecoa pelas janelas fechadas.

Um dia de viagem me parece pouco, mas sei que perco muito tempo.

Meus olhos agora percorrem as feições cansadas e às vezes aborrecidas de meus companheiros de viagem, na bagagem levamos apenas pensamentos, alguns de nós nem isso.

Os tempos estão difíceis.

O tempo já não nos espera mais e, temo que não nos espere nunca mais.

Voar requer esforço, requer pés nos chão e mente livre.

O tempo nos traz a saudade, o tempo nos traz segurança, nos traz confiança.

O tempo passa e leva muita gente consigo.

Nunca me disseram que seria fácil, pelo contrário, mas me enganaram dizendo que desde sempre seria divertido, não foi, foi dolorido. Doeu demais não ter tudo pronto, não ter pessoas, não conhecer os rostos, não conhecer nada, doeu e muito para nascer de novo, doeu para crescer de novo, a diferença é que desta vez não há joelho ralado ou BAND AID de bichinhos, não há colo nem mertiolate que cure as feridas da saudade, não há iodo que arda tanto quanto o aperto no perto.

Ir para casa é sempre um aconchego.

Disseram-me uma vez que a casa de nossos pais é o melhor lugar do mundo (para visitarmos).

Aprendi e ainda estou aprendendo, quero crescer milhões, quero crescer milhares, quero ser dez ou vinte vezes mais do que pretendo ser.

O mundo vai girar, muita gente vai e volta e, se não for pedir muito, queria que ‘você’ ficasse. Permaneça comigo e veja o tempo passar, acompanhe o tempo, o vento, o desacato. Acompanhe o sorriso, o mistério, a chuva, o pássaro, acompanhe seus pés, observe meus passos, me olhe de cima à baixo, faça-me feliz com o tempo.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Distante e inocente.

Não aprendi muito caminhando sozinha, estava apenas procurando e retirando do caminho das outras pessoas os pedaços de mim que você espalhou por aí.
Agora vejo lágrimas da chuva chorando na janela do meu quarto, tenho comigo uma xícara de café que não chegará ao fundo, estarei completando-a o tempo todo, desaprendi a lidar com o término das coisas depois de tantos finais infelizes.
Agora tudo o que eu sinto está aqui, eu estou aqui e não quero falar sobre isso ou aquilo, nem sobre nós, nem sobre eles, sobre mim, sobre nada. Não quero falar. Não quero nenhum tipo de conversa.
Estou olhando para o céu agora e ele sorri pra mim, com olhos de quem possui estrelas perdidas por aí, um céu que me olha azul marinho, que me abraça intensamente e me deseja cheio de inocência.
Acordo observando ao meu redor e tudo está tão maravilhoso, essa sou eu pensando em mim, mas a inocência nos deixa mesmo tolos, os momentos tornam-se perfeitos, essa sou eu me amando dentro de uma farsa, apenas de fora pra dentro.
Esse amor incondicional é teu, não que eu sinta ele claramente agora, nos dias atuais estou disposta a amar de novo, mas eu sei que talvez não encontre a mesma intensidade nunca mais.
Estou olhando para o sol agora e ele me impede de observar todo o pedaço de céu que observei apoiada no parapeito da janela, mas eu estou bem sonhando acordada por aqui, por ali, por aí.

If you don't care... Leave me alone, please.

Eu me lembro de como eu me sentia bem em seus braços, mas agora eu me sinto como se sempre tivesse sido invisível pra você.
É como se todo nosso passado se resumisse em abraços e uma amizade onde uma procura pela outra em diversos braços em milhões de olhares, mas nós só estamos nos esperamos, sabemos disso, mas estamos cansadas, exaustas.
Eu preciso fazer você me ouvir, estou perdendo meu controle e ficando sozinha. Por onde eu passo meus amigos dizem durante nossas caminhadas, lentas, contra o tempo "não há com o que se assustar, tudo vai ficar bem", mas eu estou chorando por dentro e por fora quando não há ninguém por perto.
Uma chance pra respirar me bastaria. Eu me vesti por você, eu mudei meu olhar, eu sentia meus braços agradecerem por estar à sua volta, mas você contribuiu de todas as formas pra que tudo terminasse e aqui estamos enfim. Sorrindo e rindo, movendo nossas vidas de uma forma tão fria e inútil, nos apaixonando aqui e ali, mas nunca nos esquecemos de ligar e esfregar uma na cara da outra, já nem dói mais sabia? Eu sei que não dói mais pra você também, talvez, à mais tempo que deixou de doer pra mim. Ainda assim, isso tudo me assusta, você precisa me ouvir. Em uma das minhas viagens eu perdi meu controle.
Abra seus olhos, abra sua mente, o seu coração.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Come back

Tomei decisões extremas, tinha parado de usar esse blog. Não sei porque, por quem, modos, causas, dificuldades, sorrisos, sei lá, simplesmente parei de usá-lo e pronto; porém, decidi voltar a usar esse espaço tão doido e reservado pra contar história. Espero de fato que gostem da nova idéia e caso queiram acompanhar apenas meus textos aleatórios eu tenho feito isso no meu tumblr: http://vidainstantanea.tumblr.com xoxo 'nd remember that you're all I need.