quarta-feira, 31 de março de 2010

Um drink forte e a pimenta para acompanhar.

Nesta tarde sonhei, acreditava tão mais em mim, e agora estou em prantos, em cacos me perguntando até quando vou durar, até onde posso chegar. Será que aquele copo com o coquetel adocicado que eu nunca provei vai manter-se intacto? Ou será que eu nem vou ter chance de pedi-lo? Gostaria de brindar a vida que eu já não gosto tanto assim, mas estive contente por uns instantes e sinto-me relativamente bem ou até mesmo satisfeita com isso.
Depressão? não, meu caro, crise existencial talvez. Porque estou aqui? A troco de que? Enviada por quem? Porque vejo o que vejo? Falo com quem falo?
O cofre que eu abro todas as noites tem segredos incontáveis. Dentro dessa casa sobrarão os móveis, eu só preciso do espaço do seu colo pra esquentar minhas mãos, apoiar a cabeça, respirar fundo e não acordar tão cedo quando me chamarem, talvez não acordar no inverno, ou nem sequer no verão, ou nem acordar, jamais. Eu não preciso de nada, deixe a porta aberta para os teus sonhos, mas feche a porta quando me trancar no cofre, jogue as chaves no porão, eu sei teu nome, mas não vou chamar sendo quente meu inverno e inventando meu verão, não desejo as folhas do outono, a minha fome mato com teu nome, como a sua fome com o meu nome, me coloco no seu lugar. Feche a porta e me tranque no cofre, lá sinto-me tranquila menos enlouquecida, menos existente, não quero estar aqui quando o mundo socializar-se NOVAMENTE da forma demodê de sempre; com aquelas mesmas histórias de sermões sobre "antigamente"; é claro que a sorte sempre ajudou, mas ultimamente os romances duram pouco, mas e daí?
Envenene-me, mate-me, morro-me. Sonhei um dia, o frio me cobria e o inverno esquentava-me com a neve que o verão produzia, e naquele mar de olhares me decompus de uma forma inacreditável deixando de ser, deixando tudo, deixando apenas.
Será que o meu copo de tequila estará intacto? Alguém dará o ultimo gole do meu meio copo de vodka pura e destilada? Quem vai me carregar? Em que colo estarei? Que orações farão por mim?
Façam uma canção, por favor que seja alegre e levem-me como se eu não tivesse virado uma poeira, como se eu não tivesse me desfeito como corpos que sofrem ataques nucleares, como se eu não tivesse sumido, cuidem de mim, tratem bem a minha alma. E por favor, vistam a morte com um vestido e peçam à ela que use um cetim e que borde minha alma de paetês.

É isso... Ah e não se esqueçam do meu copo, não deixem-no pela metade, nunca.


"Ó morte, tu que és tão forte, que matas o gato, o rato e o homem."

Ela não sabia que sofria.

Essa noite, pedi uma estrela.
Eu que nunca tive nada, nada que me motivasse, nada.
Pedi uma estrela pra que fosse minha, não que ela precisasse cair do céu; mas eu queria poder chamá-la de minha estrela; então implorei que fosse minha.
Decepcionei-me... Não a tive em mãos nem em céu; não fui nem sou dona de nada, nem sequer da minha liberdade.
Já quis um dia muito mais, já quis a lua, o sol, a terra; mas aí eu concordo que seria pedir muito.
MUITO MESMO!
Sempre sonhei alto, sempre quis coisas de grande porte, nunca fui apenas uma criança inocente, sempre soube além do que uma criança deveria e poderia saber; amadureci precocemente, e sofri com isso; EM TODOS OS SENTIDOS.
Sofri mas conquistei muita coisa, mas nada que valesse suficientemente a pena de ter perdido uma infância quase que por completo.
Conquistei e desconquistei muita gente, mas a estrela que eu nunca tive me seguia o tempo todo.
Já quis muito, tive pouco, quis pouco tive muito.
Escrevi uma frase, formulei uma carta, enviei para alguém sem endereço e sem nome, e fui correspondida, apostei no buraco negro e dele surgiu a terra após ser chocada com o big-bang.

quinta-feira, 25 de março de 2010

rotação ou translação? Vou deixar de utilizar oxigênio.

Dessa vez gostaria que fosse diferente.
Dessa vez, como uma única vez eu não gostaria de encher meus pulmões de ar, almejaria respirar de uma forma incorreta, de uma forma que causasse grande impacto e fossem gerados conflitos; apenas por eu ter respirado de uma forma que os demais não respiram.
Acho que está na hora e eu pretendo mudar o mundo, movendo minhas asas e mudando meus conceitos, aceito a política, a amo. Debato sobre tal, concordo e discordo diante de muitas propostas, a vida me oferece efeitos alucinógenos para que eu não note nada do que se passa, e sinceramente?! O governo adora isso.
O mundo me oferece formas diversas, o futebol na quarta-feira pós novela, o jornal nacional que passa desgraça atrás de desgraça; um mundo extremamente capitalista onde por qualquer lugar que você passe é impossivel não querer alguma coisa, é impossivel não interessar-se por nada. O universo lá fora joga sobre minha mesa mil cartas, milhões de telefonemas, e mais ainda, um leque de idéias com programações para o dia, e as festas do final de semana, do feriado prolongado e assim sucessivamente; porque o mundo capitalista compra as pessoas, e estas deixam-se por serem compradas; os produtos compram as pessoas e não as pessoas comprando os produtos, já não é mais assim que as coisas funcionam.
Eu gosto de estar viva, e respirar; mas cansei de um ato tão comum, tão preciso onde todo mundo dita regras para que eu o faça, "inspire e expire" e se eu desejar fazer o oposto, ou se eu então tomar a decisão de que terei uma vida distinta da de vocês e revolucionarei?
Idéias boas? obrigada; mas busco mais que isso, quero tentar na prática; e não só com alguns gestos, quero debater, gosto de contrariar causando conflitos constantes; as vezes, me rendo, me machuco, me estrapolo, confundo às coisas, "vendo" um pouco de mim, deixo as roupas me comprarem, os eletrônicos me comprarem; leio notícias fúteis, vejo tevê e me engano um pouco pra relaxar o cérebro.
Mas relaxar, descansar demais cansa a vida, transforma teu dia-a-dia em algo tão monótono que não faz sentido fazer sentido; então eu quero mais é mergulhar e fazer fotossintese, quero fazer osmose e respirar, na verdade deixar de faze-lo. Quero fazer com que a terra tenha sua rotação mudando de nome, que o sorriso transforme-se em dilema, e que as vezes sorrir seja sinal de problemas; bom, aqui estou e vou mudar algumas coisas.
O partido não progride, o governo só regride quando trata-se de ultimo ano de eleição, mas outra hora eu volto e a gente discute só sobre política ok?
E eu ainda nem falei sobre as burrices sobre o caso Nardoni e nem sequer comecei a citar sobre minha opnião em relação à pena de morte. Sim, temos muito à discutir... mas são longos dilemas.
até outra hora :*

terça-feira, 23 de março de 2010

Os dispostos se atraem.


Almofadas de algodão... nuvens doces que no céu acariciam meu rosto, que só de sentir o cheiro sinto o gosto, é aconchegante estar por lá, olhar para lá, observar ainda que sem tocar e sentir a paz.
 O que eu mais gosto é quando posso ainda que a sós me perguntar: o que eu estou fazendo aqui? porque estou aqui? a troco de que? em busca de quem?
Gosto de sentir o brilho dos meus olhos descobrindo que são lágrimas, sejam elas tristes ou não, é sempre bom saber que elas existem porque eu sinto, e se sinto é resultado de que meu corpo pratica ações que são mandadas por alguma coisa, essa alguma coisa eu chamo de cérebro, e se todo mundo que possui um cérebro humano pensa, é sinal que existimos, por isso... "penso, logo existo".
Amo sem saber decifrar e dizer o qual o significado do amor; são filosofias escuras...
As noites de lua cheia trazem consigo a brisa suave que costuma arrepiar-me a nuca e quando olhamos para rua já não passa só um carro, e na hora da musica o povo aplaudia, o povo dizia, sonhava, brilhava e o canto era bonito, simples, a letra decifrava todos os egos...
Provando que nem toda palavra é aquilo que o dicionário diz.
Somos tão pequenos perto da imensidão, a gente parece formiga lá de cima do avião; o céu parece um chão de areia, parece um descanço pra minha oração; a nuvem parece fumaça e tem gente que acha mesmo que é algodão, algodão ás vezes é doce, mas as vezes não é doce não... Sonho parece verdade quando a gente esquece de acordar. Têm dias que a gente esquece de se levantar, é como se o corpo saísse para seus afazeres, e é aí que o dia parece só metade. Incertezas trazem inspirações.
Tem beijo que parece mordida, tem mordida que parece carinho; tem carinho que parece briga, tem briga que aparece pra trazer sorriso, tem riso que parece choro, tem choro que é por alegria; tem dia que parece noite e a tristeza parece poesia. 
Descobrir o verdadeiro sentido das coisas é querer saber demais.

"E se Deus é canhoto
e criou com a mão esquerda?"
Carlos Drummond de Andrade, Hipótese.

O universo veio agora pra me consolar, ligou os fatos, me encantou, me larguei embriagada num bar, me encontro só, soluvel, como uma fé em pó, e eu estou aqui para ser alguém, eu tenho que ser alguém?
Então me diz aonde encontram-se as flores, e onde eu colho os buquês já prontos, e porque é que industrializaram o mundo se a simplicidade é muito mais bonita, e onde é que eu encontro agora os textos escritos à mão? E os livros que eram bons o que fizeram com eles? Porque a vida assassinou os bons autores, levaram-nos daqui porque? E eu aonde fico? Me posiciono bem no meu curriculo, arrumo meu emprego, olho meu relógio, sou pontual. Gosto do sabor diverso, da descrição pessoal; não estou aqui para imitar todo mundo, sou diferente e isso eu considero completamente normal, é simplesmente fascinante destacar-se de alguma forma e agora eu estou aqui exatamente para isso.
O mundo diz tanta coisa... por isso eu me pergunto; o que mais eu precisaria escrever?
"A poesia prevalece...
Primeiro senso é a fuga.
Bom, na verdade é o medo, daí então a fuga.
Evoca-se na sombra uma inquietude,
Uma alteridade disfarçada;
Inquilina de todos nossos riscos.
A juventude plena e sem planos, se esvai.
O parto ocorre!
Parto-me.
Aborto certas convicções.
A bordo demonios e munias, flagelo-me.
Esponho cicatrizes, e acordo os meus com muito mais cuidado,
Muito mais atenção.
E a tensão que parecia nunca não passar, o serviu que passou pra servir
Pra disserir, harmonizar o tom;
O movimento, o som.
Toda terra que devo doar, todo voto que devo parir
Nunca dever ao devir.
Nunca deixar de ouvir com outros olhos...Com outros olhos."

Fernando Anitelli.

A Primeira Semana

O Teatro Mágico

Antes que o tempo, a Clave
De Fá Do Si La Sois
Antes da noite, uma tarde
Pra cada um de nós
Antes do barco, a chuva
Antes da roda, o frio
Antes do vinho, a uva
E a fruta que não caiu

Fez dessa Terra um cenário
Pras peças que nos pregaram
Fez bico de pena e diário
Pra escrevermos a regra e a exceção

Criou o perdão e o pecado
Criou a dor e o prazer
Criamos o certo e o errado
E o orgulho pra nos esconder
Do que prevalece em nós...

Antes que o tempo, a clave
Sustenidos e bemóis
Antes do inteiro, a metade
Uma outra parte de nós
Antes do vôo, o tombo
um uta pra não chorar
Antes tarde do que nunca, pra nunca mais demorar
Antes do homem o medo
Antes do medo o amor
Antes do amor a dúvida
Pois nem Deus sabe quem criou
E o que prevalece em nós

Exílios calados quimeras que exalam sós!

E tudo que eu criar pra mim
Vai me abraçar de novo semana que vem

E tudo que eu criar pra mim
Vai me abraçar de novo
Vai me negar também
(semana que vem)

Antes que o tempo acabe...


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Refletir, sonhar, pensar, amar... existir.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Recusando combate.

Li tantos livros...
No entrando, como todos os autodidatas nunca tenho certeza do que compreendi. Um belo dia, creio abarcar só com o olhar a totalidade do saber, como se de súbito nascessem ramificações invisíveis que tecessem entre si todas as minhas leituras breves, dispersas, esparsas; depois, brutalmente, o sentido se esquiva, o essencial me foge, e, por mais que eu releia as mesmas linhas, elas me escapam, cada vez mais, e então fico parecendo uma velha louca que acredita estar de barriga cheia só porque leu atentamente o cardápio. Parece que a conjunção dessa aptidão, dessa facilidade com essa cegueira é a marca registrada da autodidaxia. Privando o sujeito porém, a oferenda de uma liberdade de uma síntese de pensamento ali onde os discursos oficiais erguem tapumes e proíbem a aventura.
hoje de manhã, justamente, estou na cozinha, perplexa, com um livro à minha frente. Estou num dos momentos em que sou agarrada pela loucura da minha iniciativa solitária e em que, a dois passos de renunciar, temo ter enfim encontrado meu mestre.
Que se chama Veríssimo, um nome que não se dá aos bichos de estimação nem às marcas de chocolate, pela simples razão de que evoca algo sério, rebarbativo e vagamente prussiano. Mas isso não me consola. Considero que meu destino me ensinou, melhor que a ninguém, a resistir às sugestões negativas do pensamento mundial. Vou lhes dizer: se até agora vocês imaginavam que, de feiúra em velhice e de viucez em portarias de prédio, eu me tornei uma porcariazinha conformada com a baixeza de seu destino, é porque não têm imaginação. Verdade que recuei, recusando o combate. Mas, na segurança de meu espírito, não há desafio que eu não consiga enfrentar. Indigente pelo nome, pela posição e pelo aspecto, sou, em meu entendimento, uma deusa invencível (...)

terça-feira, 16 de março de 2010

Nem luxo, nem lixo.

Quero te dar um abraço, vencer o meu cansaço e ser ausente, presente, consciente, onipotente, sorridente. E aqui estou, sorrindo sonhando, falando sobre política. Sem poder votar... Intenso, intrigante; não acham?
Às vezes me considero a revolta em pessoa, outrora a calma... O auto-controle, a fé, o afeto que de fato me afeta. Sou como estátua, como cofre... Me tranco no que existe ao meu redor me impedindo de demonstrar o calor; a frieza as vezes me incomoda, me atrapalha, então sou completamente secreta, um chave de palavras, um cofre de falhas, um estátua de sorrisos... Um abrigo.
Escrevo porque me alivia, me tranquiliza; faço críticas ao que acho politicamente, verbalmente, literalmente incorreto, critico negativa e positivamente e isso não muda o que eu sinto, ouvir as pessoas me conforta, me incomoda, me faz mudar; sou o que me baseio; sou base de basear-se, sou baseada em uma base que nem sempre se fixa em algum lugar de base.
Sou núcleo composto, organizado, que se desorganiza em seu próprio espaço, sozinha possuo camadas e tenho meu ego, que nem sempre anda centralizado e busca uma espaçonave para lugar algum onde nada se encontrar, porque nesse país ninguém sabe de nada.
O respeito por mim é imposto e o desgosto é saber que o que devia ser base não é baseado em nada e não possui conhecimento.
"Knocking on heavens door". Trazendo o que não foi, e buscando o que não se encontra, estou aqui pra ser 'do contra', pra ser a favor dos que se manifestam e provocam e estar contra os que nada manifestam.
Detesto o fato de ser fato que às vezes não tenho experiencia suficiente, não gosto de não tomar conhecimento do que acho que me é necessário e estou aqui para revolucionar e causar conflitos constantes, eu estou aqui para pensar e observar!
Sobreviver é não tentar, o que vale a pena é estar vivo e ser absolutamente conquistador, é ser absolutamente insistente e persistente, viver é um vício do que nem sempre está num ofício; viver é estar aqui e enfrentar o que há.

Pensar, presentear, julgar, conquistar, lutar; vencer... VIVER!

Boa sorte

O mundo está aí para quem quiser ver.
Na manhã de ontem, hoje sorri.
Abracei o céu que cinzento
que definitivamente me encarava,
sem medo.
Se eu sorrisse ou arriscasse enfrentá-lo
seria indiferente como todos os outros.
Então me mantive quieta e abraçada,
agarrada, respirando profundo
e observando, apenas sentindo.
Estava tudo tão comum e inconstante,
mas eu estava ali e me sentia segura.
Confortável,
era assim que as nuvens me deixavam.
Mas o mundo todo me proibiu de ser.
O universo contou para João que soletrou à Maria,
que acabou dizendo à Paula que fez fofoca à Gabriela
que fingiu nada ouvir mas falou à todos seus conhecidos
que o que eu fazia era injusto,
que ser feliz era injusto.
Porque todos tentavam da forma errada,
e eu conseguia fazer da forma correta.
Então fui proibida de tentar,
de acertar e errar;
de acreditar.
O mundo está aí para quem quiser observar,
como um museu, como uma novidade;
mas por favor, não toque na obra.

terça-feira, 2 de março de 2010

Que fique o amor em primeiro plano, por favor.

O tema deste texto é sobre algo que carece de referenciais positivos para boa parte das pessoas. Trata-se da adoção de crianças por casais homo-afetivos.

O hábito mental preconceituoso das pessoas faz com que elas se coloquem numa posição sistematicamente contra ou a favor esse ou aquele assunto, esquecendo-se que por trás das opiniões concebidas sem experiência de vida, existe seres-humanos que sentem os mesmos sentimentos que você. Boa parte das pessoas que se dizem contra isso ou aquilo, nunca tiveram contato real com uma família homo-afetiva, o que demonstra uma falta de hombridade no julgamento, que se baseia sempre em suposições. Algumas pessoas se posicionam contrárias à adoção de casais homo-afetivos por opiniões meramente preconceituosas ou sem fundamento.

Algumas delas são:

1- Se a criança for adotada por casais homo-afetivos, ela se tornará homo-afetiva também.

Isso carece de fundamento lógico, pois a maioria das pessoas homo-afetivas de hoje foram criadas por casais hetero-afetivos e nem por causa disso são orientadas para essa ou aquela afetividade e sexualidade. Isso seria o mesmo que dizer que crianças adotadas por um pai e uma mãe necessariamente vão ser hetero-afetivas, o que não é verdade. Nossa sexualidade é basicamente inata.

2- A criança sentirá falta de um referencial de pai e mãe

Essa é uma questão interessante, pois será que crianças criadas por um pai e uma mãe têm necessariamente bons referenciais? Olhem os usuários de drogas, bandidos, ditadores, torturadores, milicianos – quase que 99,99% são criados por pais hetero-afetivos. Então será que a orientação afetiva dos pais afeta caráter da criança? Ou são questões muito além disso?
Além do que, estamos falando de crianças que estão em orfanatos e ao que me consta, essas mesmas crianças foram geradas e abandonadas por pais heterossexuais.

Onde você acha que ela terá os melhores referenciais, numa família de amor ou num orfanato com outras crianças e quase sempre mal-tratadas? Acha que abandonadas num orfanato elas terão um referencial de pai e mãe? Ora, há tantas mães que foram abandonadas por maridos heterossexuais que preferiram a amante e fazem o papel de pai e mãe ao mesmo tempo! Será que essas crianças cresceram com “traumas” ou com menos caráter e amor? Será que uma criança ser criada por pais heterossexuais é necessariamente sinônimo de que ela será amada e terá bons referenciais? Olhe ao seu redor e veja que não é bem assim.

Portanto, os referenciais de masculino e feminino, de pai e de mãe, eles são passados de alguma outra forma, seja por parentes próximos, amigos, filmes, livros, escola, tal como acontece com todos nós. Pode não ser a situação ideal para a criação de uma criança, mas estamos falando de seres que já não tem uma família. Portanto, o que é pior: não ter ninguém ou tê-la de uma outra forma?

3- A criança pode crescer e não necessariamente concordar com a homossexualidade.

É uma outra questão interessante, pois a mente de alguns insiste em querer focar os casais de sexos semelhantes sob o aspecto sexual, sendo que a vida deles vai muito além disso. Os casais homo-afetivos são também homossexual vai ao cinema, homossexual namora, homossexual faz carinho, homossexual passeia, homossexual cuida dos seus filhos, homossexual trabalha, homossexual etc. Supere a sua obsessão com a sexualidade alheia. Você consegue. Nossa sexualidade é praticamente inata e é parte de todo um conjunto. E se uma criança crescer e não concordar com o modo como o pai trata a sua mãe? E aí? Ela vai bater nos pais ou desejar abandoná-los? E se uma criança crescer e não concordar com o pai ou a mãe seguir determinada religião? E aí? E se a criança crescer e não concordar que a mãe faça sexo oral no pai, e aí?

Vida íntima é vida íntima. O mundo não gira em torno da homossexualidade, pois isso é mais uma visão do observador do que dos próprios seres homo-afetivos. As crianças podem discordar dos seus pais em diversas coisas, mas isso a meu ver não é um motivo para se impedir que elas sejam adotadas. Até porque existem muitas crianças que não concordam com o comportamento de seus pais hetero-afetivos e todos aprendem a conviver com as diferenças.

4- A criança sofrerá preconceito na escola.

Sim! Graças às pessoas preconceituosas! E por que não tentar mudar isso com amor, diálogo, tolerância e boa-vontade mútuas? Será que sempre temos controle sobre a vida das crianças? Por que então perder a oportunidade de poder ensinar os outros a respeitar as diferenças e assim criarmos uma sociedade mais humana, justa e respeitosa para com todos? Existem várias crianças criadas em berço de cristal e que descambam para caminhos pra lá de tortos, assim como existem crianças criadas em pobreza e dificuldade que seguem um caminho muito digno.

Existem diversas crianças que sofrem preconceitos por serem gordinhas, negras, altas, afeminadas e todas elas aprendem a lidar com suas dificuldades. Dizer que é contra uma criança ser adotada só por causa do suposto futuro negativo que lhe é reservado por pais de sexos semelhantes, é ignorar toda sorte de efeitos deletérios que o abandono em orfanatos igualmente causa. A vida foi feita para ser vivida, superada e aprendida. Será que pais hetero-afetivos necessariamente garantem às crianças uma criação feliz e isenta de dores?

5- A criança sofrerá abuso por parte dos pais homo-afetivos

Isso sequer é uma argumentação que deve ser levada em consideração, pois isso só pode ser projeção da mente de observador. Afinal, onde uns vêem o amor entre seres humanos, outros vêem abuso sexual infantil. Ora, se o objeto é o mesmo, por que as pessoas enxergam as coisas de diferentes maneiras?

É só olhar para o lado que verá que boa parte dos abusos infantis familiares são cometidos por homens heterossexuais que estupram a filha, a sobrinha, a neta etc. Boa parte dos estupros são cometidos por homens heterossexuais. Portanto, orientação afetivo-sexual não tem nada a ver com potencialidade maior para abuso, mas sim o caráter da pessoa, que independe de orientação afetiva.

Por fim, não sou contra ou a favor a adoção por casais-homoafetivos, porque isso é algo que não deve estar em questão. As pessoas não podem ter o direito de decidir pela vida de outros seres humanos, uma vez que boa parte delas tem preconceitos, ódio, raiva aos seres homo-afetivos e nunca tiveram contato com pessoas assim, com sua realidade, seus anseios e angústias.

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Se a família é a célula-materna da sociedade, o amor é a célula-materna da família. Sei que este modelo familiar foge ao padrão que muitos estão acostumados, mas por que não dar uma chance para crianças abandonadas serem adotados por pais ansiosos para cuidar de alguém? Com tanta gente no mundo, com tantas dificuldades econômicas aí, será que a prática do heterossexualismo (sic) é mais importante do que o amor entre os seres-humanos? É mais importante do que a educação de uma criança? Será que a prática sexual entre um homem e uma mulher é mais importante do que pais que podem cuidar de uma criança quando ela estiver doente, do que a possibilidade de alguém que foi abandonado ter uma família que o acolha?

Dificuldades, todos terão, sejam casais homo-afeitvos ou hetero-afetivos. Afinal, por detrás dos rótulos, todos somos seres-humanos, com nossas dificuldades, obstáculos, desafios e realizações pessoas. Há muitas crianças infelizes sendo criadas por casais hetero-afetivos e muitas crianças podem ser felizes ou tristes sendo criadas por casais homo-afetivos. Mas vou deixar uma questão par ao leitor pensar:

Mesmo com todas as dificuldades que as pessoas lhes impõe, muitos homens e mulheres homo-afetivos ainda lutam para conseguir adoção. O que move o coração dessas pessoas, que enfrenta um mundo para dedicar sua vida a uma criança, senão o mais profundo amor? Você acha que só o seu modelo familiar é o certo? Isso não é um tanto quanto egoísta?

Se essas palavras não foram suficientes para te mostrar uma outra forma de ver o mundo e você acha que só uma família homem e mulher são responsáveis pela felicidade das crianças e não se importa com as várias crianças que vão crescer em orfanatos, tudo bem. Se você acha que apenas essa mentalidade pode trazer a felicidade aos seres humanos que compõem a sua sociedade, tudo bem. Talvez você tenha motivos dignos que são desconhecidos por mim. Mas só o que eu lhe peço é boa-vontade e abertura mental para ouvir e entender o coração do outro.


Se você não é capaz de entender o coração e o amor das pessoas e foca sua cabeça no sexualismo alheio e acha que dessa maneira encontrará felicidade para ti e para os outros, tudo bem também. Talvez você não seja mesmo capaz de entender o outro e de mudar a ti mesmo.

E para fechar, deixo meu leitor com as palavras de Renato Russo, um dos maiores poeta que o Brasil já teve e a quem devemos tanto.

Perfeição:

Venha! Meu coração está com pressa.
Quando a esperança está dispersa.
Só a verdade me liberta.
Chega de maldade e ilusão. Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando à primavera
Nosso futuro recomeça
Venha! Que o que vem é Perfeição!...

Pais e Filhos:

É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Por que se você parar
Pra pensar
Na verdade não há...

Eu realmente desejo uma sociedade mais justa, igualitária, sem preconceitos e baseada no amor. Esse é o futuro que recomeça. A esperança carrega nossos sonhos mais caros. E acredito que com amor, boa-vontade e diálogo podemos mudar as pessoas e a nós mesmos.


Se você acha que a homo-afetividade é algo imutavelmente imoral, pelo menos deixe que isso seja um problema para ser resolvido entre Deus e as pessoas. Na Terra, busque fazer o seu melhor para a felicidade das pessoas, afinal, sua felicidade dependendo necessariamente daquilo que você deseja ao outro.

“Paz na Terra aos homens de Boa-Vontade”

(retirado do blog Adquira conceitos e não preconceitos)

Não são as respostas que movem o mundo.

Eu não vim aqui pra impor o certo e o errado, mas ninguém vem ao mundo pra viver em vão. E realmente o que compõe o ser humano são os seus ideias! Esse ano teremos muita polêmica, afinal, ano eleitoral é sempre muito polêmico! Estaremos juntos discutindo sobre o quanto esse país ainda necessita, o quanto o mundo precisa mudar, as pessoas conscientes precisam se revelar e rebelarem-se contra o incorreto, contra o preconceito, contra o conceito sem conhecimento algum, um pré conceito, algo completamente imoral.
Sabe à muito tempo o ser humano vem mostrando a ética, a moral... Mas afinal, até que ponto a moral é válida? Num hospital onde há uma fila de pessoas esperando pela doação de orgãos, onde existem 5 pessoas à beira da morte necessitando de doação, vale a pena matar um ser pra salvar cinco? É claro que muita gente acha que não... Mas e se eu lhes dissesse que esse cara que está lá pra doar, que esse mesmo cara é o homem que assassinou sua mãe ou seu pai, ou então estuprou sua irmã mais nova, ou até o homem que simplesmente cometeu um furto na sua residencia... As opniões mudam, não mudam? Sabe... Na aula de filosofia outro dia ouvi esse exemplo e fiquei... Chocada de como é real a idéia, o fato polêmico do individualismo do ser humano! De como o homem é vingativo; é por isso que eu sempre me pergunto, até que quando a ética supera a moral, e até quando a moral é uma lei, ou até mesmo até quando todo mundo só vai manter um pensamento fixo quando se trata de vingança? Até onde o mundo e o homem pode chegar? Até quando isso pode durar? Até que ponto?
Diariamente eu vejo gente na rua passando fome e a ignorancia de quem tem um pouco mais de condição financeira. Sabe, isso já aconteceu comigo, eu estava esperando um onibus quando um senhor veio me perguntar as horas e eu não havia compreendido o que ele havia dito, ele estava mal vestido, e eu tinha uma sacola com algumas pulseirinhas dentro; esse senhor me questionou e sem entender respondi: Não tenho nada moço. Foi então que ele chacoalhou a cabeça negativamente e repetiu: Moça, as horas, que horas tem. Sabe... Depois disso, caí na real; talvez isso fosse um pouco de pré conceito, não achei ruim dele ter me questionado nem nada, mas por olhar a vestimenta etc, relacionei modo de vestir com pobreza, com ''passar fome'' e sim, fora um preconceito da minha parte, e eu que luto tanto contra isso dei uma dessas?! Pois é, a sociedade, o capitalismo faz isso com as pessoas, eu tento me corrigir, sempre; sempre que posso realmente busco o meu ponto mais humilde para que eu possa ajoelhar e agradecer sem medo de sujar a calça ou de ralar os joelhos; agradecer com fé seja lá qual for o teu Deus, simplesmente desejar, e agradecer, sempre. A cada dia que acordo costumo pensar o que será que irá acontecer; será que vou brigar com meu namorado? será que vai terminar ou melhorar? será que vou acabar saindo hoje a noite? onde vamos? com quem? e a minha prova? será que alcanço a média? estou segura? estou triste? estou feliz? na verdade já notei que assim que abro os olhos não sei como estou e é a partir de quando me levanto ou olho ao meu redor que descubro sobre o meu humor. Engraçado você não sentir-se de forma alguma né?! Mas pare pra refletir, pense um pouco... O amor é isso, a vida é isso; o mundo não é movido por respostas... Mas sim por perguntas!
A fé que você deposita em você, e só.