terça-feira, 23 de março de 2010

Os dispostos se atraem.


Almofadas de algodão... nuvens doces que no céu acariciam meu rosto, que só de sentir o cheiro sinto o gosto, é aconchegante estar por lá, olhar para lá, observar ainda que sem tocar e sentir a paz.
 O que eu mais gosto é quando posso ainda que a sós me perguntar: o que eu estou fazendo aqui? porque estou aqui? a troco de que? em busca de quem?
Gosto de sentir o brilho dos meus olhos descobrindo que são lágrimas, sejam elas tristes ou não, é sempre bom saber que elas existem porque eu sinto, e se sinto é resultado de que meu corpo pratica ações que são mandadas por alguma coisa, essa alguma coisa eu chamo de cérebro, e se todo mundo que possui um cérebro humano pensa, é sinal que existimos, por isso... "penso, logo existo".
Amo sem saber decifrar e dizer o qual o significado do amor; são filosofias escuras...
As noites de lua cheia trazem consigo a brisa suave que costuma arrepiar-me a nuca e quando olhamos para rua já não passa só um carro, e na hora da musica o povo aplaudia, o povo dizia, sonhava, brilhava e o canto era bonito, simples, a letra decifrava todos os egos...
Provando que nem toda palavra é aquilo que o dicionário diz.
Somos tão pequenos perto da imensidão, a gente parece formiga lá de cima do avião; o céu parece um chão de areia, parece um descanço pra minha oração; a nuvem parece fumaça e tem gente que acha mesmo que é algodão, algodão ás vezes é doce, mas as vezes não é doce não... Sonho parece verdade quando a gente esquece de acordar. Têm dias que a gente esquece de se levantar, é como se o corpo saísse para seus afazeres, e é aí que o dia parece só metade. Incertezas trazem inspirações.
Tem beijo que parece mordida, tem mordida que parece carinho; tem carinho que parece briga, tem briga que aparece pra trazer sorriso, tem riso que parece choro, tem choro que é por alegria; tem dia que parece noite e a tristeza parece poesia. 
Descobrir o verdadeiro sentido das coisas é querer saber demais.

"E se Deus é canhoto
e criou com a mão esquerda?"
Carlos Drummond de Andrade, Hipótese.

O universo veio agora pra me consolar, ligou os fatos, me encantou, me larguei embriagada num bar, me encontro só, soluvel, como uma fé em pó, e eu estou aqui para ser alguém, eu tenho que ser alguém?
Então me diz aonde encontram-se as flores, e onde eu colho os buquês já prontos, e porque é que industrializaram o mundo se a simplicidade é muito mais bonita, e onde é que eu encontro agora os textos escritos à mão? E os livros que eram bons o que fizeram com eles? Porque a vida assassinou os bons autores, levaram-nos daqui porque? E eu aonde fico? Me posiciono bem no meu curriculo, arrumo meu emprego, olho meu relógio, sou pontual. Gosto do sabor diverso, da descrição pessoal; não estou aqui para imitar todo mundo, sou diferente e isso eu considero completamente normal, é simplesmente fascinante destacar-se de alguma forma e agora eu estou aqui exatamente para isso.
O mundo diz tanta coisa... por isso eu me pergunto; o que mais eu precisaria escrever?
"A poesia prevalece...
Primeiro senso é a fuga.
Bom, na verdade é o medo, daí então a fuga.
Evoca-se na sombra uma inquietude,
Uma alteridade disfarçada;
Inquilina de todos nossos riscos.
A juventude plena e sem planos, se esvai.
O parto ocorre!
Parto-me.
Aborto certas convicções.
A bordo demonios e munias, flagelo-me.
Esponho cicatrizes, e acordo os meus com muito mais cuidado,
Muito mais atenção.
E a tensão que parecia nunca não passar, o serviu que passou pra servir
Pra disserir, harmonizar o tom;
O movimento, o som.
Toda terra que devo doar, todo voto que devo parir
Nunca dever ao devir.
Nunca deixar de ouvir com outros olhos...Com outros olhos."

Fernando Anitelli.

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