quarta-feira, 31 de março de 2010

Um drink forte e a pimenta para acompanhar.

Nesta tarde sonhei, acreditava tão mais em mim, e agora estou em prantos, em cacos me perguntando até quando vou durar, até onde posso chegar. Será que aquele copo com o coquetel adocicado que eu nunca provei vai manter-se intacto? Ou será que eu nem vou ter chance de pedi-lo? Gostaria de brindar a vida que eu já não gosto tanto assim, mas estive contente por uns instantes e sinto-me relativamente bem ou até mesmo satisfeita com isso.
Depressão? não, meu caro, crise existencial talvez. Porque estou aqui? A troco de que? Enviada por quem? Porque vejo o que vejo? Falo com quem falo?
O cofre que eu abro todas as noites tem segredos incontáveis. Dentro dessa casa sobrarão os móveis, eu só preciso do espaço do seu colo pra esquentar minhas mãos, apoiar a cabeça, respirar fundo e não acordar tão cedo quando me chamarem, talvez não acordar no inverno, ou nem sequer no verão, ou nem acordar, jamais. Eu não preciso de nada, deixe a porta aberta para os teus sonhos, mas feche a porta quando me trancar no cofre, jogue as chaves no porão, eu sei teu nome, mas não vou chamar sendo quente meu inverno e inventando meu verão, não desejo as folhas do outono, a minha fome mato com teu nome, como a sua fome com o meu nome, me coloco no seu lugar. Feche a porta e me tranque no cofre, lá sinto-me tranquila menos enlouquecida, menos existente, não quero estar aqui quando o mundo socializar-se NOVAMENTE da forma demodê de sempre; com aquelas mesmas histórias de sermões sobre "antigamente"; é claro que a sorte sempre ajudou, mas ultimamente os romances duram pouco, mas e daí?
Envenene-me, mate-me, morro-me. Sonhei um dia, o frio me cobria e o inverno esquentava-me com a neve que o verão produzia, e naquele mar de olhares me decompus de uma forma inacreditável deixando de ser, deixando tudo, deixando apenas.
Será que o meu copo de tequila estará intacto? Alguém dará o ultimo gole do meu meio copo de vodka pura e destilada? Quem vai me carregar? Em que colo estarei? Que orações farão por mim?
Façam uma canção, por favor que seja alegre e levem-me como se eu não tivesse virado uma poeira, como se eu não tivesse me desfeito como corpos que sofrem ataques nucleares, como se eu não tivesse sumido, cuidem de mim, tratem bem a minha alma. E por favor, vistam a morte com um vestido e peçam à ela que use um cetim e que borde minha alma de paetês.

É isso... Ah e não se esqueçam do meu copo, não deixem-no pela metade, nunca.


"Ó morte, tu que és tão forte, que matas o gato, o rato e o homem."

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