segunda-feira, 7 de junho de 2010

Dedico à thais :)

Clarisse (...)
Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado. Quem diz que me entende nunca quis saber. Aquele menino foi internado numa clínica, dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças, dos sonhos que se configuram tristes e inertes como uma ampulheta imóvel, não se mexe, não se move, não trabalha. E clarisse está trancada no banheiro e faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete. Deitada no canto, seus tornozelos sangram e a dor é menor do que parece, quando ela se corta ela se esquece que é impossível ter da vida calma e força. Viver em dor, o que ninguém entende. Tentar ser forte a todo e cada amanhecer! Uma de suas amigas já se foi... Quando mais uma ocorrência policial, ninguém entende, não me olhe assim com este semblante de bom samaritano cumprindo o seu dever, como se eu fosse doente, como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente. Nada existe pra mim, não tente! Você não sabe e não entende!
E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito Clarisse sabe que a loucura está presente e sente a essência estranha do que é a morte, mas esse vazio ela conhece muito bem de quando em quando é um novo tratamento mas o mundo continua sempre o mesmo; o medo de voltar pra casa à noite, os homens que se esfregam nojentos no caminho de ida e volta da escola, a falta de esperança é o tormento de saber que nada é justo e pouco é certo e que estamos destruindo o futuro e que a maldade anda sempre aqui por perto. A violência e a injustiça que existe contra todas as meninas e mulheres, um mundo onde a verdade é o avesso e a alegria já não tem mais endereço. Clarisse está trancada no seu quarto com seus discos e seus livros, seu cansaço. Eu sou um pássaro, me trancam na gaiola e esperam que eu cante como antes. Eu sou um pássaro, me trancam na gaiola mas um dia eu consigo existir e vou voar pelo caminho mais bonito. Clarisse só tem quatorze anos. (Renato Russo)

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