segunda-feira, 14 de junho de 2010

Tortura

E tenho dito que tenho sorte em gostar da morte e prazerosamente morrer.
E tenho dito que é um perigo dar abrigo àquele que quer se perder.
E tenho dito...
É mais que fato que andar no mato me dá coceira.
É mais que mito que não machuca espinho de roseira.
E ainda tento do apartamento não me jogar do andar mais alto.
E o sol se põe na minha janela e atravez dela minha vida se esvai.
Uma juventude plena e sem planos.

Ontem a noite morri, sorri, amei, conheci, cantei e pela primeira vez em tempos dormi sem chorar, o cansaço da madrugada me pegou já era tarde e eu falava com alguém realmente especial que me faz agora um bem constante. Os meus olhos fitavam o nada pedindo o abraço dela e o coração palpitante eu escutava latejando sem sentido, é uma carência enorme, e eu substituo pouco a pouco meu passado por algo que me completa e já não me limita tanto.
Deixa-me ser livre e assumir meus próprios erros, deixa-me crescer por mim e carregar minhas coisas nos ombros, deixa-me arrastar com as pernas o peso da estupidez humana em criar a rotina, os limites pra fugir da condenação brotesca que nos foi dada; somos condenados a ser livres o tempo todo... e recusamos.

A madrugada me pediu um abraço, eu dei um beijo longo e fervente,
Era madrugada fria e o dia não se encontrava tão facilmente,
Era dia de nuvens e serpentes,
É dia de solidão.
E o sol veio voraz, sem pena nem paz que fizesse alguém sonhar.
Queimou tudo, levou tudo até o sentimento,
E disse que hoje o dia não seria bonito,
Desmaiei.

Acordei com um atraso de meia hora e meus olhos insistiam em manter-se pregados, maldita queda nos braços amigos, maldita madrugada fria... mais um beijo demorado.
Os pingos d'água me deram recados e me martirizaram aos poucos e o universo parou de girar depois que o grito dos meus olhos viu o mundo morto.

E tenho dito...

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