domingo, 1 de agosto de 2010

Desarmar para amar.

Tanto amor mal julgado. Não via o sol há tempos, meses, um ano talvez. A janela entreaberta não deixava a claridade passar por aquela fresta miserável. Tantas mentiras. Infiéis.
Abri meus olhos está manhã, sem muito ânimo e com sono, não sei porque mas me levantei sem que ninguém chamasse ou que algum despertador tocasse, apenas abri os olhos pra uma dor estranha, sensível e estranha, uma dor profunda, irreconhecível.
As cores do arco-íris protegiam a verdade de uma mente insana, uma taça de vinho, uma outra com algumas gotas de sangue e martini. Bom dia sol.
Vamos supor que as pessoas fossem verdadeiras, transparentes e que a ciência não tivesse influência alguma sobre as descobertas, apenas rezaríamos para que a nossa face em mil pedaços pudesse ser como um espelho, ou não.
Todas essas vozes, essas pessoas, essas músicas, quebrando o meu coração.
Calem a boca! Deixem-me levantar da cama, deixem-me lutar pela política, julgar com palavras e supetões o lixo que o mundo tem feito nas ruas, a ânsia que é causada em mim a cada dilatar das minhas pupilas, eu preciso de silêncio e concentração, eu preciso estar bem e amar a mim, e só. Eu já não me importo com o meu egoísmo importuno e minhas amizades fúteis, eu não tenho me importado, tenho confiado em mim, e só.
Caminhando sozinha, o bosque cheirando à vomito da noite cheia de garrafas e gente derramada, os animais lambiam as pessoas por estarem no cio, que mundo é esse onde os cães tratam assim tanta gente? Está tudo escuro e as minhas vistas embaçadas, eu gostaria de mais um corte, mais um furo, mais um desenho tatuado na pele, uma marca, uma lembrança desse mundo inescrupuloso. Sou tão irreverente.
Abri meus braços e esperei a brisa e a faca pontiaguda tocando minha garganta, mate-me se for capaz, não tenho medo da morte, na verdade, se morrer tenho sorte, e abandono-te aqui pra que não vá atrás de mim. Mate-me, ou eu me mato. Os verbos julgavam-se, conjulgavam-se, e sozinhos nada demonstravam, amar, jogar, pular, saltar, detestar. O mundo sentido algum fazia naquele instante. Caminhei por anos incansáveis e agora digo que sei tanta coisa, sou tão sabida, adolescente, tempo, sabedoria, eu não sei de nada, por isso sou um sábio.
A copa das árvores tinha a cara da corte, enfeitada e artificial, o mundo está morto.
O verde abacate luxuoso só demonstra a cor necrosada das coisas que por ali passaram, um cemitério de gente podre, um paraíso de favelas e o país ainda clama por algo justo. Esperando que alguém limpe aquela sujeira a juventude grita, mas o jovens velhos gritam, não há juventude nova, não há juventude que se esforce, só tem dores de garganta os que mal saem de casa e lutam quietos pelo medo. A morte não é vulgar, não há nada de vergonhoso em morrer. E eu assistia tanta coisa suja calada até aprender que meus olhos não aceitam mais aquela nojeira. Eu pude ver tudo o que estava ao meu lado e berrar por entre as árvores cheias de farsas, eu pude ser só e muito melhor. Eu lutei contra os ventos, e luto contra palavras, conjugando verbos e verbalizando sinônimos tolos de imperfeições porque nada vai voltar e não há tendencia que melhore sua respiração, ou você dá os seus olhos para que as cadelas devorem-nos ou você observa o mundo e usa tua voz, o teu meio mais forte e grita. Eu não quero mais respirar esse ar e sentir que eu não vou ficar bem, que as coisas não vão voltar, eu vou lutar pra respirar o ar que há entre as árvores de verdade.
Gente morta, gente fedendo, decomposição de neurônios e uma juventude transviada, pessoas falsas e papéis, só papéis que no fundo não provam nada. Nós estamos aqui pra errar.
E eu estou aqui olhando para o teto do meu quarto enquanto o ventilador gira rapído e o ar condicionado congela meus dedos, enquanto a minha janela está fechada desde sempre, eu não quero nenhuma claridade ou influência de lá de fora, estou respirando apenas o meu ar, mas não vou morrer aqui. Estou fazendo meus planos e vou ao combate, olharei nos olhos mais vulgares e sem apontar ninguém demonstrarei com atos como se governa um país, como se domina o mundo, mas vai demorar, estou apenas planejando.
Tenham um bom dia, eu estou levantando depois das quatro da tarde e não me animo à ver o sol. Tenham um bom dia políticos cheios de cestas básicas e notas.

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